quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Café com Siéllysson entrevista o Professor Francisco de Assis



Entrevista 03



Filho de agricultores que chegaram a Santa Rita durante a Revolução de 1930, seu nascimento foi num sítio no Alto dos Eucaliptos, foi ambulante até os 18 anos, precursor na Educação do Ensino Privado no Bairro Popular, renovador nos desfiles cívicos na cidade de Santa Rita, presidente de vários clubes esportivos do nosso município, o professor Francisco de Assis é o entrevistado de hoje do "Café com Siéllysson"

SIÉLLYSSON - Sua Escola foi pioneira no Ensino Particular Bairro Popular. Qual a duração?
FRANCISCO DE ASSIS - Iniciamos no ano de 1959 e fechamos o Instituto São Francisco de Assis em 1997.

SIÉLLYSSON - Para o senhor o que marcou na sociedade santa-ritense a trajetória do Instituto São Francisco de Assis (ISFA)?

FRANCISCO DE ASSIS - Muitas coisas marcaram, seja no compromisso que tínhamos com a aprendizagem dos alunos, seja nos desfiles que permanecem na memória de muita gente.
SIÉLLYSSON - No total foram quantos desfiles e qual o mais marcante para o Senhor?
FRANCISCO DE ASSIS - Iniciamos no ano de 1964 e realizamos o último no ano de 1987. Na maioria desses desfiles não tínhamos ainda Banda Marcial, então eram convidadas Bandas de João Pessoa o que atraia muito. As pessoas esperavam numa perspectiva grande o nosso desfile. O desfile mais marcante para mim foi o de 1969, acredito ter sido o mais caprichado, com a participação da Banda Marcial do Colégio Getúlio Vargas do município de João Pessoa. Trabalhos as belezas dos estados do Brasil, esta temática já tinha sido abordada em desfiles anteriores, como o de 1966 onde o tema central era "As Regiões Brasileiras", no ano seguinte trabalhamos "Trajes Típicos do Brasil", mas em nenhum desfile conseguimos superar o de 1969.

SIÉLLYSSON - O que havia no "Oiapoque ao Chuí"?
FRANCISCO - Comidas típicas, danças folclóricas, roupas regionais e tantas outras belezas do nosso país.

SIÉLLYSSON - Não guardou esse acervo?
FRANCISCO DE ASSIS - Não. Não tive muita preocupação de guardar essas imagens. Não tínhamos a consciência do povo de hoje em que tudo armazena no computador. Muitas fotos foram dedicadas a amigos, outras ficaram com alunos. Certo dia comecei juntar tudo o que restou de fotografias e alguns documentos... até escrevi uma plaqueta sobre o Instituto São Francisco de Assis.

SIÉLLYSSON - Você é conhecido como Professor Francisco de Assis, mas este não é seu verdadeiro nome, não é verdade?
FRANCISCO DE ASSIS - É verdade. Meu nome é José Francisco da Silva Filho, mas devido o nome de fantasia da Escola, passaram a me chamar de Francisco de Assis.

SIÉLLYSSON - O Senhor teve quantos anos de sala de aula?
FRANCISCO DE ASSIS - Muitos, no total foram 51 anos de sala. Iniciei muito cedo, um grupo de pessoas me procurou para eu dá-lhes aula de reforço para prestarem a prova de Admissão, era uma avaliação que se fazia antes de entrar no que hoje chamamos de 6° ano. Acredito que eu tivesse uns 18 anos, a partir daí comecei minha carreira em sala de aula e só parei quando me aposentei, em 2010 pelo Estado. Do ISFA iniciei em 1959 e meu último trabalho como professor estadual me aposentei em 2010.

SIÉLLYSSON - Gostava do que fazia?
FRANCISCO DE ASSIS - Sim, gosto de ser professor, mas se eu fosse fazer uma escolha profissional nos dias atuais não seria mais professor.

SIÉLLYSSON - O que seria?
FRANCISCO DE ASSIS - Seria arquiteto, o campo de trabalho é maior. Você pode trabalhar em várias repartições, há um leque de oportunidades, bem diferente da vida de professor.

SIÉLLYSSON - O Senhor iniciou os desfiles cívicos num período conturbado da nossa história que foi a Ditadura Militar. Isso influenciou nas escolhes dos temas?
FRANCISCO DE ASSIS - De certo modo sim. Desfilávamos sem poder modificar ou transformar o que se referia "civismo" do Brasil, pois era tudo censurado pelo Regime Militar e nós não queríamos ter modificar tudo de última hora.  Na década de 1960 desfilávamos muitas vezes sozinhos, sem participação do trânsito, nem segurança e tínhamos que providenciar tudo isso para poder pôr a escola na rua.

SIÉLLYSSON - Vi algumas imagens em que o ISFA estava acompanhando a procissão de Santa Rita. Isso era comum?
FRANCISCO DE ASSIS - Sim, muitas vezes recebíamos o convite da Paróquia de Santa Rita de Cássia para acompanhar a procissão e a escola ia, parecia mesmo um desfile. Os alunos comportavam-se e acompanhavam tranquilamente.

SIÉLLYSSON - Como o Senhor encarou o fechamento do ISFA?
FRANCISCO DE ASSIS - Não foi fácil, mas não foi a única empresa que teve que fechar as portas. Ser um profissional na área da Educação é ter que acompanhar o ritmo da época, tem que ter uma visão global, ter dinâmica e flexibilidade. Isso acontece porque são muitas mudanças e tudo rápido demais. O ISFA necessitava de uma Assessoria de Planejamento, mas chegaram os momentos inesperados que não foi possível realizar o sonho futuro. O declínio da escola começou no início dos anos 90, durante o governo do presidente Fernando Collor, mas foi no governo de Fernando Henrique Cardoso que fechamos as portas do ISFA, em 1996.

SIÉLLYSSON - Qual mensagem você deixaria para quem está iniciando?
FRANCISCO DE ASSIS - Deixo aqui a frase que usei para o ISFA em seus materiais: "Um líder não se faz por acaso", sendo assim, os jovens precisam esforçar-se e ter disciplina para construir sua história.

0 comentários:

Postar um comentário

Pages

.

Social Icons

Featured Posts